No outro dia, eu tinha uma
consulta médica marcada. O doutor iria ver o quanto meus filhos aguentariam
ficar na barriga.
Como
todas as minhas consultas eram feitas na Inglaterra, tiveram um trabalho a mais
para pegar os dados necessários e levar para analisar.
Quando
fui chamada, pedi para que Gabriel entrasse comigo. A sala era fria e eu estava
nervosa com o que o Dr. Fernando iria me dizer.
-
Então mãe, quer fazer a última ultrassom da gestação? - Disse após falar sobre
ótimos resultados de rápidos exames.
-
Quero! - Me animei.
Me
deitei e ele descobriu minha barriga e logo começou.
- O
menino é bem maior, provavelmente vai ser o primeiro a nascer. - O doutor
falou.
-
Eles estão bem? - Questionei preocupada.
-
Melhor impossível, estão saudáveis. Você seguiu a dieta do seu doutor
perfeitamente. - Sorriu para mim, mas logo fez uma pequena careta. - Porém, vão
nascer um pouco antes do previsto. Em menos de uma semana para ser exato.
- Mas
a data prevista era daqui a três semanas - Me assustei.
-
Parece que alguma mamãe fez esforços demais... - Me olhou. - Para sua segurança
vamos ter que te internar amanhã para fazer o parto no dia seguinte. Arrume
suas coisas para ir para o hospital.Isso
era bom, mas nem tanto. Harry provavelmente não veria o nascimento dos filhos.
Fomos
para o carro e passamos no posto de gasolina. Enquanto Gabriel saia do carro
para ir até a lojinha, liguei pra Harry. Claro, eu poderia mandar uma mensagem,
mas admito que queria ouvir sua voz. No primeiro toque ele atendeu.
-
Amor?
-
Harry, tenho uma notícia que pode ser boa e ruim ao mesmo tempo.
-
Qual, minha princesa? - Sua voz estava mansa com um pequeno tom de preocupação.
- As
crianças vão nascer depois de amanhã.
- Achei que nasceriam daqui há um mês? Aconteceu alguma coisa?
- Me
esforcei demais.
-
Tudo bem, vou comprar a passagem.
- Ok,
tchau.
-
Espera amor...
- Não
me chame assim. - Falei arrogante. - O que você quer?
-
Posso tentar falar?
- Se
apresse.
Quando
Harry começou a falar Gabriel entrou no carro dizendo: "Se lembra
disso?". Ele mostrava balas que ganhávamos no posto quando éramos menores.
-
Você ganhou? Eu quero! - Ri tentando pegar.
- De
quem é essa voz? - Ouvi Harry pelo telefone e me lembrei que ele ainda estava
na linha.
- De
Gabriel. Era isso que queria falar? - Voltei a arrogância.
-
Não, eu queria falar sobre nós. - Suspirou pesado.
- Não
existe nós. - Ri sem humor.
-
Então vamos falar sobre mim e você. - Falou sério.
Olhei
para Gabriel e por distração ri com a careta que ele fazia. Ele estava imitando
a voz de Harry silenciosamente enquanto me olhava. Quando menos percebi, tive
um ataque de risos.
-
Harry, não dá para falar agora. - Continuei a rir.
- Por
quê?
-
Esse idiota está me fazendo ter um ataque de risos. - Ri ainda mais.
Sim,
em partes eu queria o ver sofrer também. Mas Gabriel era realmente engraçado.
- Da para
parar?! - Harry disse nervoso.
-
Parar com o que? - Me fingi de tonta.
- De
fazer ciúmes, isso não é legal. - Continuou bravo.
- Não
estou fazendo ciúmes, estou apenas rindo. - Dei ombros.
- E
você acha que estou gostando?
Aquelas
palavras me subiram um nervo tão imenso que parei de rir imediatamente.
-
Engraçado. E você acha que eu gostei de saber que você estava na cama com
outra? - Aumentei o tom de voz.
-
Tudo bem, você está brava.
- Por
quê? Eu deveria estar sorrindo enquanto você curte a sua amante?
- Não
tenho nenhuma amante! Eu estava bêbado, e no momento estou sozinho na nossa
casa.
- Sua
casa. E você não me deve satisfação nenhuma já não sou absolutamente nada para
você, apenas a mulher que carrega seus filhos enquanto você curte. Não é assim
que você me vê?
-
Amor, não é...
- Não
me chame assim! - Gritei. - A partir de agora só falo com você sobre os papéis
do divórcio e as crianças.
-
Pelo amor de Deus, divórcio não! - Se desesperou. - Vamos conversar com calma.
Você sabe que eu te amo!
-
Tchau. - Desliguei.
Um nó
gigante se formou em minha garganta, mas eu me recusaria a chorar na frente de
Gabriel.
- Me
desculpe, eu não deveria ter feito você rir. Ele provavelmente não achou graça
nenhuma. - Disse ele se sentindo culpado.
- Não
se preocupe, ele é um babaca. - Revirei os olhos e me virei para a janela
enquanto ele saia com o carro.
Respirei
fundo e segurei ao máximo quando percebi que meus olhos estavam se manejando.
Fechei os mesmos e me encostei no banco a viagem inteira.
Chegamos
em casa e subi para o quarto sendo seguida por ele.
-
Está tudo bem? - Perguntou.
-
Claro. - Sorri fraco.
- Faz
tempo que não nos vemos, mas eu sei que está mentindo. - Se aproximou de mim e
passou as mãos por meus cabelos. - Vem. - Pegou minha mão e foi me arrastando em
direção ao quarto das crianças.
- O
que foi? - Perguntei confusa.
-
Espere. - Sorriu e tampou meus olhos.
Ouvi
ele abrir a porta e logo sentia que já estava no interior do quarto.
-
Como você estava cansada demais para pensar nisso, resolvi tomar a frente. -
Tirou as mãos dos meus olhos e mostrou o quarto.
Sorri
imediatamente ao perceber que o antigo quarto branco estava todo decorado. Meus
olhos lacrimejaram e eu o abracei forte.
-
Está maravilhoso. - Sorri limpando algumas lágrimas teimosas. - Obrigada.
-
Recebi tudo ontem, mas você estava tão cansada que nem percebeu. - Riu.
-
Quando comprou tudo isso?
- Não
comprei nada. Seu marido que mandou... - Me olhou estranho. - Achei que sabia.
-
Não... - Continuei surpresa enquanto encarava o quarto.
Me
aproximei das coisas e observei melhor. O quarto estava dividido em dois, o
lado de Jessie e o lado de Cody, lilás e azul. E devo dizer, nunca vira algo
tão lindo em toda minha vida. Mas se ele realmente achava que isso era o
suficiente como pedido de desculpas, estava inteiramente enganado.
- Que
tal uma foto? - Gabriel falou em meio ao silêncio.
Olhei
para ele e sorri.
- Por
que não?
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