Harry
Passei eternas duas horas
procurando aquele lugar e quando o encontrei, pedi até para falar com o
sindico. Porém, infelizmente ninguém se mudava para lá há oito meses. Não posso
mentir, fiquei muito triste com a notícia.
- Eu sabia que aquela velha
estava maluca. - Suspirei e me joguei no sofá.
Por que ela mentiria pra mim? Sempre nos entendemos muito bem.
Por que ela mentiria pra mim? Sempre nos entendemos muito bem.
Ainda com milhares de
dúvidas, ouvi o meu celular tocar. Olhei bem o visor e notei que era a minha
mãe.
- O que foi? - Eu estava um
pouco alheio.
- Pensei que tivesse te
educado melhor. - Falou seria.
- Me desculpe, estou um pouco
fora do ar.
- Tudo bem. - Disse
calmamente. - Como vai?
- Achei que tínhamos
combinado de você não me fazer essa pergunta.
- Perdão, é inevitável. -
Suspirou. - Você ainda está daquele jeito, meu filho?
- Mãe, esse assunto não. Por
favor.
- Ok, já entendi! Só liguei para
te avisar que a festa da família será em breve. Você vai vir, não é?
Respirei fundo, droga. Eu gostava sim da minha família,
mas eu também sabia que assim que eu colocasse meus pés naquela festa, me
encheriam de perguntas sobre meus filhos, minha separação e milhares de
tormentos. Mas se eu não fosse, minha mãe ficaria muito chateada.
- Claro. - Ri fraco.
- Ótimo, te espero. Beijos e
melhoras. Te amo.
- Eu também.
Assim que ela desligou, continuei
sentado no sofá para voltar aos pensamentos. Mas infelizmente - ou não - fui
interrompido pela campainha. Preguiçosamente, me levantei e fui atender.
- O que você quer? - Olhei
Ben parado ali.
Ben era um bom amigo que eu
tinha conhecido há pouco tempo. Um cara bem divertido, mas insuportável quando
queria.
- Preciso falar com você.
Sem demorar abri espaço,
então ele entrou e se sentou.
- E então? - Parei em sua
frente.
- Eu vi uma garota... - Ele
suspirou.
Não pude deixar de revirar os
olhos e cruzar os braços. E lá vamos
nós de novo.
- E tenho certeza que você a
conhece. - Respirou fundo e eu o olhei curioso. - Cabelos castanhos, estatura
média, olhos bonitos, mãe de gêmeos... É ela.
Suspirei. Eu podia sim
acreditar, mas eu já tinha ouvido essa história há algumas horas atrás de uma
chinesa biruta.
- Por que está me olhando
como se eu fosse maluco? - Me olhou confuso.
- Primeiro, você nunca a viu
na vida Ben. Segundo, já me disseram isso hoje e eu comprovei que não é
verdade. E terceiro, ela me ligaria se viesse.
- Cara, eu a vi! Acha que eu
não a reconheceria depois de ver milhares de fotos dela nesse apartamento? Sem
contar que ela tem um corpo maravilhoso. Bem que você falou... - Provavelmente
falou as últimas frases sem pensar, mas eu duvido.
- Ei, olha o respeito. - O
olhei feio.
- Cara, eu juro. - Me olhou sério.
- Eu sei o quanto isso importa para você, eu não iria mentir.
- Tá. - Suspirei vencido. - E
onde você viu?
- No meu prédio. - Deu
ombros.
Ele morava no Bayswater.
- Cara, eu já fui para lá. -
Revirei os olhos. - Ninguém se muda para lá há meses!
- Eu me mudei o mês passado.
- Me olhou confuso. - Quem te disse isso?
- O sindico.
Ele riu debochado e eu fiquei
olhando ainda sério.
- O sindico nem está na
cidade, cara.
Então
quem foi o tapado que me disse aquilo?!
- Ben,
me leva para lá agora.
- Ok. - Se levantou.
- Espere. - Parei. - Tenho
que pegar uma coisa.
Você
A noite já caía e as crianças
já estavam finalmente dormindo. Devia ser umas oito horas aproximadamente.
Gabriel estava descansando no meu quarto, então além da televisão, nada mais
fazia barulho na casa.
Com o apartamento escuro, eu
prestava toda a atenção no programa que passava. Não era tão interessante, mas
era o melhor que eu teria achado.
Jessie estava tirando uma boa
soneca no meu colo. Há algumas semanas, aquilo já havia virado rotina. Estava mal-acostumada,
mas eu gostava disso. Passei levemente o dedo contornando seu pequeno rostinho
e sorri. Por mais que fossem gêmeos, ela era quem se parecia mais com Harry.
- Minha princesinha. -
Cochichei.
Enquanto eu a apreciava, ouvi
batidas fortes na porta. Cheguei me assustar e temi que isso acordasse as
crianças. Por conta disso, me apressei para atender.
- Pois não?
- Oi. - Uma garota sorriu. -
Sei que está um pouco tarde, mas meus pais me pediram para te entregar isso. -
Estendeu um vaso de flores.
Sorri para ela enquanto a
mesma me olhava tímida.
- Obrigada.
Ela não demorou a sair e eu
fechei a porta. Provavelmente era filha do simpático casal que conheci logo que
me instalei no prédio. Eles trabalhavam numa floricultura e como boas vindas me
prometeram um lindo vaso de cravos.
- São lindos cravos
vermelhos. - Cochichei para mim mesma enquanto colocava o delicado vaso em cima
da estante. Fora do alcance de gêmeos.
São iguais aos que eu sempre
ganhava de aniversário. Harry sempre apreciou essas flores e sempre dizia que
aquelas eram as flores que foram feitas especialmente para mim. É, são lindas.
Novamente a batida da porta
soou e eu fui interrompida da minha bolha de pensamentos. Suspirei e ainda com
Jessie no colo, fui atender.
- Pois não? - Repeti cansada.
Assim que olhei para aqueles
olhos novamente, o meu coração parou. Depois de quase onze meses, nos
encontramos outra vez. Seu cabelo estava mais longo, assim como eu vira numa
revista algumas semanas atrás. Ele estava bem ali na minha frente, todo bem
vestido. Estava maravilhoso e muito cheiroso por sinal. Mas além dele, havia
outro rapaz ao seu lado.
- Oi. - Sorriu e posso jurar
que senti minhas pernas amolecerem.
- Oi. - Respondi ainda
perplexa.
Como
ele sabia que eu estava aqui? Eu só iria ligar e avisar quando o
aniversário das crianças estivesse próximo!
Isso
só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto, destino.
Isso não foi engraçado!
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